quarta-feira, 6 de abril de 2011

Gene explica muitos casos de gêmeos no Rio Grande do Sul

Cerca de de 10% da população de distrito de Cândido Godói é formada por pares de gêmeos.


Da Redação






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Cândido Godói - O mistério que envolvia o alto número de gêmeos na cidade de Cândido Godói, no interior do Estado, finalmente foi esclarecido: a população gemelar é resultado de uma variação genética. Cerca de 10% da população de Linha São Pedro, distrito de Cândido Godói, é formada por pares de gêmeos. O índice da população em geral é de 1%. Centenas deles foram à paróquia da cidade no final de março para conhecer os resultados de uma pesquisa que durou 17 anos.

A tentativa de explicar o motivo de tantos gêmeos na cidade de pouco mais de 6 mil habitantes ganhou fôlego após boatos de que o médico nazista Josef Mengele havia feito experiências e manipulações genéticas nessa população nos anos 1960.

Segundo a professora Lavínia Faccini, do Instituto Nacional de Genética Médica Populacional, vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), foram comparadas 42 mães de gêmeos com 101 mulheres que não tiveram gêmeos. Os pesquisadores descobriram que as mães de gêmeos têm uma frequência muito maior da variação do gene P53 que está relacionada à sobrevivência dos embriões no útero. Esse gene se manifesta de duas formas: C e G.
 

Segundo Lavínia, a variação C (a mais rara) estava presente em 33% das mães de gêmeos e em 15% das mães do grupo controle. "Essa variação genética está concentrada nessa cidade e, por isso, as mulheres têm mais sucesso na gestação de gêmeos. Não é uma questão de formação do embrião, mas depois que eles são formados têm mais chances de sobrevivência", diz Lavínia. "Essa variação genética já era conhecida, mas não se sabia muito bem o papel dela na fertilidade."
 
Variação genética
Segundo Úrsula Matte, que participou da pesquisa, a descoberta indica uma predisposição. Um dos pontos a serem investigados é se o homem consegue exercer influência. O que se sabe é que essa variação genética se manifesta apenas em mulheres. Outro fator é a frequência dessa variação nas mulheres que engravidaram de gêmeos, mas perderam os bebês.
 

Reportagem publicada originalmente no caderno Viver com Saúde, veiculado às segundas-feiras nos jornais do Grupo Sinos.

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